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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Saibamos da vida do frade.— Era franciscano por quê?— Dos antigos e dos novos mártires. — Alguns particulares do frei Dinis antes e depois de ser frade. — Emigração. — Explicação incompleta. — De como a velha tinha perdido a vista e Joaninha o riso. — Sexta feira de aziago.

Saibamos alguma coisa da vida do frade, na sua vida no século, porque a do claustro era nua e nula, monótona e singela como a temos visto.

Chamava-se ele no século Dinis de Ataíde, e seguira a carreira das armas primeiro, depois a das letras. Com distinção, e quase com paixão, tomara parte na campanha da Península e a fizera quase toda; mas desgostoso do serviço ou despreocupado da glória militar, entrou na magistratura para que estava habilitado, e em 1825, do lugar de corregedor do Ribatejo, em que já fora reconduzido, devia passar à casa do Porto.

Foi a Lisboa receber o seu despacho, beijou a mão à el-rei, e dai tomou um dia o caminho de Santarém, chegou àquela vila, deixou criados e cavalos na estalagem, e foi tocar à campa da portaria de S. Francisco.

Os criados esperaram em vão muitos dias e ele não voltou.

Desapareceu do mundo Dinis de Ataíde, e dali a dois anos apareceu Frei Dinis da Cruz, o frade mais austero e o pregador mais eloqüente daquele tempo. Raro pregava, e só de doutrina; mas era uma torrente de veemência, uma unção, uma força...

Dos institutos monásticos já então bem decaídos todos de esplendor e reputação, a Ordem de S. Francisco era talvez a que mais descera no conceito público. Quanto mais austera é a regra, tanto mais se nota qualquer relaxação nos que a professam: a dos franciscanos tinha-se feito proverbial e popular. Eles eram tantos por toda a parte, e tão conversantes com todas as classes, familiarizara-se por tal modo o povo com aquelas mortalhas negras — aspecto já não severo, e apenas deixou de o ser... ridículo — e elas apareciam em tais lugares, a tais horas, por tal modo...que todo o respeito, toda a estima, toda a consideração, se lhe perdera. Escritores, já os não tinham, pregadores poucos e sem reputação, era em todo o sentido a religião mais humilhada na geral decadência das Ordens.

Frei Dinis procurou-a por isso mesmo. Queria ser frade, o frade desprezado e apupado do século dezenove.

Em certos ânimos é preciso muito mais valor e entusiasmo para afrontar este martírio, do que fora nos antigos tempos para ir ao encontro das nobres perseguições do sangue e do fogo.

Lutava-se com honra então, cala-se com glória, vencia-se muitas vezes morrendo...

Agora é sofrer só.

O mundo aplaudia aqueles grandes sacrifícios, e assistia com interesse, com admiração, com espanto àqueles combates gigantescos. E o tirano tremia diante de sua vitima... quando não lhe caía aos pés, vencido, convertido e penitente...

Hoje o povo passa e ri, os reis cuidam de outra coisa, e a mesma Igreja não sabe que tem mártires.

— Pois tem-nos — dizia Frei Dinis — e precisa mais deles para a regenerar, do que já precisou para fundar-se.

Eis aqui porque Frei Dinis de Ataíde não quis ser bento, nem jerônimo, nem cartuxo, e se foi meter padre franciscano.

De todos os seus bem, que eram consideráveis, tirou apenas módica soma de dinheiro que era necessária para pagar o dote e piso de sua entrada no convento. Do resto fez doação inteira a D. Francisca Joana — a velha hoje cega e decrépita, que no princípio desta história encontramos dobrando à sua porta na casa do vale.

A velha não tinha mais família que um neto e uma neta.

A neta era Joaninha, filha única de seu único filho varão, e já órfã de pai e de mãe.

O neto, órfão também, nascera póstumo, e custara a vida a sua mãe, filha querida e predileta da velha.

Antes a esplêndida doação de Frei Dinis a família, que era de boa e honrada descendência, podia dizer-se pobre; depois, viviam remediadamente. Mas a velha não quis nunca sair do modesto estado em que até ali vivera. Tinham fartura de pão, azeite e vinho de suas lavras, corria-lhe com elas um criado velho de confiança, trajavam e tratavam-se como gente meã mas independente.

Em tempos mais antigos e em vida dos dois filhos de D. Francisca, Frei Dinis, então Dinis de Ataíde e corregedor da comarca, freqüentara bastante aquela casa. Desde a morte do filho e do genro, que ambos pereceram desastradamente num dia cruzando o Tejo num saveiro em ocasião de grande cheia, ele nunca mais lá tornara.

Até que se meteu frade, e que passaram anos e que o fizeram guardião do seu convento.

Já a nora e a filha da velha tinham morrido também.

E foi notável que na mesma hora em que Frei Dinis professava em S. Francisco de Santarém, vestia D. Francisca aquela túnica roxa que nunca mais largou.

Mas um dia, chegou Frei Dinis à porta da casa do vale e disse:

— Deus seja nesta casa!

A velha estremeceu, mas tornou logo a si, fez sair as crianças que brincavam ao pé dela, fechou-se com o frade, e falaram baixo um dia inteiro. Rezaram e choraram, que tudo se ouviu, mas o que disseram e conversaram nunca se soube.

O frade foi-se ao anoitecer, a velha ficou rezando e chorando, e rezou e chorou toda a noite.

Isto fora numa sexta-feira; daí por diante em todas as sextas-feiras de cada semana, Frei Dinis vinha passar algumas horas com a velha.

Não era seu confessor, mas dirigia-se como se o fosse, em tudo e por tudo, menos no que respeitava a Joaninha.

Havia no frade uma afetação visível, um sistema premeditado e inalterável de se abster completamente de tudo o que pudesse intervir, por mais remotamente que fosse, com aquela interessante criança.

Joaninha não lhe tinha medo, mas o respeito que lhe ele inspirava era misturado de uma aversão instintiva que, por contradição inaudita e inexplicável, a deixava simpatizar com tudo quanto ele dizia e professava: doutrinas, opiniões, sentimentos, tudo lhe agradava no frade, menos a pessoa.

Não assim Carlos, o primo, o companheiro, o único amigo do nossa Joaninha, o outro neto da velha por sua filha. Andava ele já no último ano de Coimbra e ia formar-se em leis, quando Frei Dinis da Cruz começou de novo a freqüentar a casa que Dinis de Ataíde tinha abandonado.

Sobre esse a inspeção do frade era minuciosa, vigilante, inquieta. Os livros que ele lia, os amigos com quem vivia, as idéias que abraçava, as inclinações para que pendia — de tudo se ocupava Frei Dinis, tudo lhe dava cuidado. A ele diretamente pouco lhe dizia, mas com a avó tinha longas conferências a esse respeito.

Ultimamente parecia satisfazer-se com o jeito que o mancebo indicava tomar.

— É temente a Deus, não tem o ânimo cobiçoso e servil, não é hipócrita, a mania do liberalismo não o mordeu ainda... há de ser um homem de préstimo — dizia o frade a D. Francisca com verdadeira satisfação e interesse.

Passara porém do seu meio o memorável ano de 1830, e Carlos, que se formara no princípio daquele verão, tinha ficado por Coimbra e Lisboa, e só por fins de agosto voltara para a sua família. E veio triste, melancólico, pensativo, inteiramente outro do que sempre fora, porque era de gênio alegre e naturalmente amigo de folgar o mancebo.

O dia em que ele chegou era uma sexta feira, dia de Frei Dinis vir ao vale.

Passaram as primeiras saudações e abraços, ficaram sós os dois.

— Não gosto de te ver — disse o frade.

— Pois quê? que tenho eu?

— Tens que vens outro do que foste, Carlos.

— Outro venho, é verdade; mas não se enfadem de me ver, que o enfado há de durar pouco.

— Que queres tu dizer?

— Que estou resolvido a emigrar.

— A emigrar, tu!... Por que? para quê? Que loucura é essa?

— Nunca estive tanto em meu juízo.

— Carlos, Carlos! nem mais uma palavra a semelhante respeito. Em que más companhias andaste tu, que maus livros leste, tu que eras um rapaz?... Carlos, proíbo-te de pensar nestes desvarios.

— Proíbe-me ... a mim... de pensar!... Ora, senhor...

— Proíbo-te de pensar, sim. Lê no seu Horácio se estás cansado das pandectas . Vai para a eira com o teu Vírgilio... ou passeia, caça, monta a cavalo, faze o que quiseres, mas não penses. Cá estou eu para pensar por ti.

—Por quê? eu hei de ser sempre criança? A minha vida há de ser esta? Horácio! Tenho bom ânimo para ler Horácio agora... e é bela ocupação para um homem de vinte e um anos, escandar jambos e troqueus!

— Pois lê na tua Bíblia, que é poesia medida na alma e que renasce o espírito e o coração..

— Eu não quero ser frade, sabe?

— Nem te quero para frade.

— Graças a Deus. Cuidei que... Mas enfim no século em que estamos...

— O século em que estamos é o da presunção e o da imoralidade, e eu quero-te livrar de uma e de outra, Carlos. Tua avó sabe das minhas intenções a teu respeito. aprova-as.

— Minha avó... aprova muita coisa que eu reprovo.

— Como assim, Carlos? Que queres tu dizer?

— Isto esmo, Senhor, e que amanhã vou para Lisboa, embarcar para Inglaterra.

— Carlos!

— É uma resolução meditada e inalterável. Não quero nada com esta terra nem com esta...

— Com esta o quê, Carlos?

— Pois quer ouvi-lo, digo-lho: com esta casa.

O frade sufocava, e balbuciou entre colérico e irritado:

— Dir-me-ás por quê

— Porque me aborrece e me humilha este mando de um estranho aqui... porque sempre desconfiei, porque sei enfim...

— Sabes o quê?

— Sei padre Frei Dinis, ,as não me pergunte o que eu sei.

Amarelo, roxo, pálido, negro, o frade tremia; sumiram-se-lhe mais os olhos e faiscavam lá de dentro como duas brasas, fez um esforço sobre si para falar e disse com uma voz cavernosa como de sepulcro:

— Pois pergunto, sim; e permita Deus!...

— Padre, não jure nem pragueje — interrompeu Carlos com firmeza e serenidade — as suas intenções serão boas talvez, creio que são boas, filhas de um remorso salutar...

— Que dizes tu, Carlos... que disseste?... Ó meu Deus!

As cenas tinham mudado: Frei Dinis parecia o pupilo, a sua voz tinha o tom da súplica, já não tremia de ira, mas de ansiedade; Carlos, pelo contrário, falava no tom austero e grave de um homem que está forte na sua razão e que é generoso com a sua ofensa. As palavras do mancebo eram agras, via-se que ele o sentia e que procurava adoça-las na inflexão, que lhes dava.

— O que eu digo, Padre Frei Dinis, o que eu sou obrigado a dizer-lhe é isto. Minha avó consentiu, por fraqueza de mulher, no que eu não posso nem devo consentir. O que há nesta casa não é... não é meu; o pão que aqui se come... é comprado por um preço... Padre! já vê que não podemos mais falar neste assunto. Eu parto amanhã para Lisboa. Minha avó! — acrescentou Carlos, mudando de voz e chamando para dentro — minha avó!

A velha acudiu, ele disse-lhe sua tenção, motivou-a em opiniões políticas, declamou contra D. Miguel, mostrou-se entusiasta da causa liberal, e protestou que, naquele ano, de tal modo se tinha pronunciado em Coimbra e ainda em Lisboa que só uma pronta fuga o podia salvar.

A velha chorou, pediu, rogou... inutilmente, em vão.

Frei Dinis assistiu a tudo isto sem dizer palavra.

E aquela tarde voltou cedo para o convento.

No outro dia de manhã muito cedo, abraçado com a avó e com a priminha que se desfaziam em lágrimas, Carlos dizia o último adeus àquela querida casa, àquele amado vale em que fora criado... nessa noite estava em Lisboa, daí a poucos dias em Inglaterra, e daí a alguns meses na ilha Terceira.

Na sexta feira depois da partida de Carlos, Frei Dinis veio ao vale teve larga conferência com a avó.

Os três dias seguintes a velha levou fechada no seu quarto a chorar... no fim do terceiro dia estava cega.

Joaninha era uma criança a esse tempo, parecia não entender nada do que se passava. Mas quem a observasse com atenção veria que ela dobrou de carinho e de amo com a avó, e que se não tornou a rir para o frade.

Ele, o frade, envelheceu de dez anos naquele dia. Os olhos sumidos, que era a feição dominante daquele rosto ascético, sumiram-se mais e mais, a estatura alta e ereta curvou-se-lhe; o tremor nervoso, que o tomava por acessos, tornou-se-lhe habitual, os tendões enrijaram-lhe, os músculos da cara descarnaram-se, e a pele, já sulcada de fundos cuidados, arrugou-se e franziu-se toda em rugas cruzadas e confusas como que se lha tornassem uma grelha.

Nunca mais houve um dia de alegria no vale. A sexta-feira porém era o dia fatal e aziago. Frei Dinis já não vinha senão no fim da tarde e demorava-se pouco; mas tanto bastava. Suspirava-se por aquela hora e tremia-se dela. As notícias que consolavam, e os terrores que matavam o frade é que os trazia. O resto da semana levava-se a chorar e a esperar.

E assim se tinham passados dois anos até a sexta feira em que primeiro vimos juntos à porta da casa aquelas três criaturas, assim se passou até daí a oito dias que a nossa história volta a encontrá-los.

XVII
DE como, chegando outra sexta-feira e estando a avó e a neta à espera do frade, este lhe apareceu contra o seu costume, da banda de Lisboa. — Por que razão muitas vezes a mais animada conversação é a que mais facilmente para e quebra de repente. — Nova demonstração de dois grandes axiomas dos nossos velhos, a saber: Que o hábito não faz o monge; e que ralhando as comadres se descobrem as verdades. — No ralhar da velha com o frade, levanta-se uma ponta do véu que cobre os mistérios da nossa história.

Passaram-se aqueles oito dias no vale, não já como se tinham passado tantas outras semanas em vagas de tristeza, em desconsolação e desconforto, mas em positiva ansiedade e aguda aflição pela certeza que trouxera o frade de se achar Carlos no Porto fazendo parte do pequeno exército de D. Pedro.

Incertos rumores, daqueles que percorrem um país em tempos semelhantes e que aumentam e exageram, confundem todo o sucesso, tinham chegado até as pacíficas solidões do vale com as notícias de combates sanguinários, de comoções violentas, de desacatos sacrílegos, de vinganças e represálias atrozes tomadas pelos agressores, retribuídas pelos que se defendiam.

Chegou a sexta-feira; e as horas desse dia, sempre desejado e sempre temido, foram contadas minuto a minuto — o qual mais longo, o qual mais pesado e lento de volver, quanto mais se aproximava o derradeiro.

O sol declinava já... e Frei Dinis sem aparecer!

No seu poiso ordinário ao pé da porta da casa, Joaninha com os olhos estendidos, a velha com os ouvidos alerta, devoravam o espaço na direção do nascente, esperando a cada momento, temendo a cada instante ver aparecer o conhecido vulto, ouvir o som familiar dos passos do frade.

E tão atentas, tão absortas estavam ainda neste cuidado, que não deram fé dum religioso que pelo lado oposto, isto é, da banda de Lisboa para ali se encaminhava a passos arrastados mas pressurosos.

Chegou rente a elas sem o sentirem; e uma voz conhecida, porém mais cava e funda do que nunca a ouviram, pronunciou a fórmula de saudação costumada:

— Deus seja nesta casa!

— Amém! — responderam ambas maquinalmente, com um estremeção involuntário, e voltando de repente a cara para o lado donde vinha a voz.

— Jesus! — disse depois a velha tornando a si, — Padre Frei Dinis, de onde vem tão tarde?

— Chego de Lisboa.

— De Lisboa? Deus lho pague!... Foi saber?...

— Fui, fui saber novas desta horrível guerra, desta tremenda visitação do Senhor à condenada terra de Portugal...

—E então, diga...

— Boas novas, boas novas trago!

— Sente-se, padre, sente-se. Joaninha chegue uma cadeira: descanse

— Não é tempo de descansar este, mas de vigiar e de orar.

— Pois que sucedeu, Padre? Não me tenha nessa horrível suspensão. Diga: onde está ele? Alguma desgraça grande lhe aconteceu, ó meu Deus!...

— E que me importa a mim o que aconteceu ou podia acontecer a mais um de tantos perdidos? Encherá a sua medida, irá após dos outros... caminha nas trevas com eles, e como eles só há de parar no abismo.

A estas derradeiras palavras do frade asperamente pronunciadas e em tom de indiferença e desprezo, seguiu-se aquele silêncio comprimido, aquela pausa de toda a conversação grave e íntima em que os pensamentos são tantos que se atropelam e não acham saída na voz.

Frei Dinis mentia....na dureza daquelas expressões mentia ao seu coração — não mentia ao seu espírito. Como o cáustico se aplica à epiderme para deslocar a inflamação interior, ele roçava o peito com as asperidões de sua doutrina e de seus princípios rígidos para amortecer dentro a viva dor d’alma que o consumia.

O frade estava por fora, o homem por dentro.

O observador vulgar não via senão o burel e a corda que amortalhavam o cadáver. O que atentasse bem naqueles olhos, o que reparasse bem nas inflexões daquela voz, diria: “Frade, tu mentes; mentes sem saberes que mentes: és sincero na tua fé, na tua austeridade, na tua abnegação: mas o teu sacrifício é como o de Abraão na montanha, e Deus sabe que tu não tens força para o cumprir.”

Não o percebeu assim a pobre velha, a quem os rigores de Frei Dinis faziam tremer, e que para toda a afeição, para todo o sentimento humano julgava morto o coração do cenobita.

Ela que no silêncio das suas noites sempre veladas, na perpétua escuridão de seus dias sempre triste lutava há tanto tempo, lutava debalde para desprender das afeições do mundo aquele seu pobre coração, que queria imolar ao Senhor, ela via com santa inveja e admiração as sobre-humanas forças que imaginava no frade; e desanimada de o poder seguir nessas alturas da perfeição evangélica, recaía, mais desalentada e mais miserável que nunca, em toda sua fraqueza de mulher e de mãe.

Oh! não sabe o que é tormento, o que é inferno neste mundo, o que não sofreu destas angústias!

Mas permite Deus que as padeça quem não tem grandes culpas, grandes e irreparáveis erros que expiar neste mundo?

Eu creio firmemente que não.

Cansada e exausta já de tão porfiada luta, a velha perdeu de todo a razão com as derradeiras palavras do frade, e num paroxismo de choro exclamou:

— Dinis!... Frei Dinis, por aquele penhor sagrado que eu tenho em meu poder, por aquela preciosa cruz sobre a qual se derramaram as últimas lágrimas da minha desgraçada filha, Dinis!...

— Silêncio! — bradou o frade, arrancando um brado de dentro do peito que fez gemer os ecos todos do vale: — Silêncio, mulher! Não conjure o demônio que eu trago encarcerado neste seio, que à força de penitência mal pude domar ainda... que só a morte poderá talvez expelir. Mulher, mulher! este cadáver que já morreu, que já apodreceu em tudo o mais, que já o comem sem ele sentir, os bichos todos da destruição... este cadáver tem um único ponto vivo no coração... e o dedo do teu egoísmo aí foi tocar, ó mulher!... Pecado que estás sempre contra mim! Justiça eterna de Deus, quando serás satisfeita?

Rompera na maior violência a voz do frade, mas descaiu num tom baixo e medonho ao fazer esta última imprecação misteriosa. As derradeiras sílabas quase lhe morreram nos beiços convulsos, e ao balbuciá-las deixou-se cair, exausto e como quem mais não podia, na cadeira que Joaninha lhe chegara.

A velha, aterrada e confusa, tremia do que fizera, como diante do espírito imundo que seus malefícios evocaram, treme a maga assustada do seu próprio poder.

Passaram alguns segundos que nenhumas palavras podem descrever.

O frade levantou o rosto, olhou para ela, olhou para Joaninha... e como quem emerge, por grande esforço, de um peso enorme de águas que o submergiam, sacudiu a cabeça, sorveu um longo trago de ar, e disse na sua voz ordinária, só mais débil.

— Carlos, Senhora... minha irmã, Carlos está vivo; e eis aqui, vinda pelo cônsul de França, uma carta dele.

Tirou uma carta da manga e entregou a Joaninha.

XVIII
Descobre-se que há grandes e espantosos segredos entre o frade e a velha. — Piedosa fraude de Joaninha. — Luta ente o hábito e o monge.

O frade entregou a carta a Joaninha, que, lançando os olhos ao sobrescrito, ficou inquieta e indecisa como quem receia e deseja e teme de saber alguma coisa. Ele com voz trêmula e sobressaltada acrescentou:

— Adeus, que são horas!... Leiam, e sexta feira que vem... me dirão...

Pois quê — disse timidamente a velha — não quer ouvir o que ele nos escreve?

— Sexta feira que vem — continuou Frei Dinis, sem ouvir ou sem entender a pergunta; — sexta feira que vem eu tomarei conta da resposta, e lha farei chegar pela mesma via... Só uma coisa! Nem palavra a meu respeito: eu para Carlos... morri.

— Dinis! — exclamou a velha fora de si —Dinis!...

O frade tornou de repente ao seu tom austero, e respondendo gravemente: — O quê, minha irmã?

— Era — disse ela tímida e submissa outra vez — era se, era que... Pois não há de ouvir ler a carta dele?

Frei Dinis não respondeu, mas ficou sentado: descaiu-lhe a cabeça sobre o peito, e abraçando-se com o bordão, não deu mais sinal de si.

A velha escutou em silêncio alguns segundos, e com aquele ouvido agudíssimo — penetrante vista dos cegos — percebeu sem dúvida o que se passava, e com mais conforto e serenidade na voz disse:

— Abra, Joana, lê, minha filha.

Joaninha abriu a carta, e percorreu com avidez as poucas linhas que ela encerrava.

— Não lês? — acudiu a avó com impaciência : — Lê, lê alto, Joaninha.

— É para mim só a carta — disse ela friamente,

— Para ti só, como? — tornou a outra.

— É para mim só esta carta... não diz nada que...

— Não diz nada! — replicou a avó. — Pois!... Lê, lê alto: seja como for, lê, e oiçamos.

Joaninha parecia hesitar ainda lançou os olhos ao frade, achou-o na mesma atitude impassível; voltou-se para a avó, viu-a ansiada e ansiosa... leu.

A carta era com efeito para ela só, e carta bem singela não continha senão as ingênuas expressões de um amor fraterno nunca esquecido, longas saudades do passado, poucas esperanças no futuro, quase nenhuma de se tornarem a ver tão cedo. Tudo isto porém era com a prima; para a desconsolada avó, para ninguém mais... nem uma palavra.

Joaninha ia lendo, lendo... e a voz a descair-lhe: no fim ajuntou uns abraços, umas saudosas lembranças, e não sei que frase incompleta e mal articulada em que se pedia a benção da avó.

A velha abanou a cabeça tristemente e disse:

— Ora pois... bendito, seja Deus!

Joaninha corou até o branco dos olhos... Inda bem que a não podia ver a avó! Mas viu-a Frei Dinis, e com a mão trêmula e os olhos arrasados de água lhe fez um mudo e expressivo sinal de aprovação e agradecimento. Joaninha corou outra vez, e logo se fez pálida como a morte; era a primeira vez que mentia ... e Frei Dinis, o austero Frei Dinis, aprová-la!

O frade levantou-se, e sem dizer palavra, tomou o caminho de Santarém.

Ouvia-se ao longe o arquejar de uns soluços sufocados... Seriam dele?

A avó e a neta abraçaram-se chorando.

Nenhuma delas disse palavra sobre a carta: a velha tinha percebido a piedosa fraude de Joaninha.

Oh! que existências que eram aquelas quatro! Esse frade, essa velha, essas duas crianças! E a maior parte da gente que é gente, vive assim... E querem, querem-na assim mesmo, a vida, têm-lhe apego! Oh, que enigma é o homem!

Tornou a passar outra semana, e o frade tornou a vir no prazo costumado, e levou a resposta da carta — resposta que Joaninha só escreveu e só viu — e dirigiu-a em Lisboa pela via segura que indicara.

Soube0-se que fora entregue; mas semanas e semanas decorreram , os meses passaram de ano... e outra carta não veio.

No entretanto a guerra civil progredia; e depois das suas tremendas peripécias, o grande drama da Restauração chegava rapidamente ao fim. Eram meados do ano de 33, a operação de Algarve sucedera milagrosamente aos constitucionais, a esquadra de D. Miguel fora tomada, Lisboa estava em poder deles. Os tardios e inúteis esforços dos realistas para retomar a capital tinham ocupado o resto do verão. Já outubro se descoroava de seus últimos frutos, e as folhas começavam a empalidecer e a cair, quando uma sexta-feira, ao pôr do sol, Frei Dinis aparecia no vale mais curvado e mais trêmulo que nunca. Vinha do exército realista que então cercava Lisboa.

Joaninha não era ali, a velha estava só.

— Que nos traz, padre? — clamou ela mal o sentiu: — Soube dele? Tem escapado a estas desgraças, a esses combates mortais?

— Não sei nada, minha irmã; há três dias que de Lisboa se não pode obter a menor informação. As linhas estão fechadas e guarnecidas como nunca: tudo indica havermos de ter cedo algum combate decisivo.

— Deus seja com...

— Com quem, minha irmã?

— Com quem tiver justiça.

— Nenhum a tem. De um lado e de outro está a ambição e a cobiça, de um lado e de outro a imoralidade, a perdição e o desprezo da palavra de Deus. Por isso, vença quem vencer, nenhum há de triunfar.

— Ai, o meu pobre filho, o meu Carlos!

— Isso, irmã Francisca, isso! Peça a Deus que dê a vitória a seu neto e à impiedade por que ele combate. peça a Deus que vençam os inimigos declarados do seu nome, os destruidores dos seus altares, os profanadores de seus templos... Oh! que dia belo e grande não há de ser esse, quando Carlos... o seu Carlos vier expulsar às baionetas do pobre convento de S. Francisco, o velho guardião — que lhe não há de fugir, minha irmã!... dele menos que nenhum outro... que ajoelhado diante do altar inclinará a cabeça como os antigos mártires para cair na presença do seu Deus às mãos do seu...

— Dinis!... Padre!... Padre Frei Dinis, que horrorosas palavras saem da sua boca!... Meu neto, o meu Carlos não é capaz... ó meu Deus!...

— Seu neto detesta-me... e tem... tem razão.

— Não sabe a verdade ele... Carlos esta enganado, cuida... não sabe senão meia verdade: e eu, eu hei de — custe o que me custar — eu hei de...

— Há de o quê?

— Hei de desenganá-lo, hei de lhe dizer a verdade toda. Hei de prostrar-me na sua presença, hei de humilhar-me diante do filho da minha filha, hei de arrastar na poeira de seus pés estas cãs e estas rugas... morrerei de vergonha e de remorsos diante de meu filho, mas ele há de saber a verdade.

Saiam com tal ímpeto e com tão desacostumada energia estas misteriosas e tremendas palavras da boca da velha, que Frei Dinis não ousou contê-la; ouviu até ao fim, deixou quebrar o ímpeto da torrente, e erguendo então a sua voz austera mas pausada, disse naquele tom friamente decisivo que tanto se impõe aos ânimos apaixonados.

— Se tal fizesse, mulher, a minha maldição, a maldição eterna de Deus cairia sobre sua cabeça para sempre!... Ó mulher, pois não basta que ele me aborreça — não lhe basta que seu neto lhe perdesse o amor... quer... quer também que nos despreze?

A velha gemeu profundamente e, por um jeito de antiga reminiscência, levou as mãos aos olhos como se os tapasse para não ver. Então disse com desconsoladas lágrimas na voz:

— A vontade de Deus seja feita!

XIX
Guerra de postos avançados. Joaninha no bivaque. — De como os rouxinóis do vale se disciplinaram a ponto de tocar a alvorada e a retreta. — Quem era a “menina dos rouxinóis” e por que lhe puseram este nome. — A sentinela perdida e achada.

A velha disse aquelas últimas palavras com uma expressão de dor tão resignada mas tão desconsolada, que o frade olhou para ela comovido, e sentiu as lágrimas escurecem-lhe avista.

Nesse momento Joaninha, que passeava a alguma distância da casa na direção de Lisboa, acudiu sobressaltada brandando:

— Avó, avó!... tanta gente que aí vem! soldados e povo... homens e mulheres... tanta gente!

Era a retirada de 11 de outubro.

— Deus tenha compaixão de nós! — disse a velha. — O que será, padre?

— O que há de ser! — respondeu Frei Dinis. — O meu pressentimento que se verifica; o combate foi decisivo, os constitucionais vencem.

Com efeito foram aparecendo as tropas que se retiravam, as gentes que fugiam, e todo aquele confuso e doloroso espetáculo de uma retirada em guerra civil...

Alguns feridos, que não podiam mais, ficavam na casa do vale entregues à piedosa guarda e cuidado de Joaninha; dos outros tomou conta Frei Dinis e os acompanhou a Santarém.

As tropas constitucionais vinham em seguimento dos realistas, e dali a pouco dias tinham seu quartel-general no Cartaxo; D. Miguel fortificava-se em Santarém, e a casa da velha era o último posto militar ocupado pelo seu exército.

Não tardou muito que a força toda, todo o interesse da guerra se não concentrasse naquele, já tão pacífico e ameno, agora tão desolado e turbulento vale.

Eram os derradeiros dias do outono, a natureza parecia tomar dó pelo homem — dar triste e lúgubre de cena ao sangrento drama de destruição e de miséria que ali se ia concluir. As últimas folhas das árvores caíam, o céu nublado e negro vertia sobre a terra apaulada torrentes grossas de água, a cheia alagava os baixios, as terras altas cobriam-se de ervas daninhas maninhas, os trabalhos da lavoura cessavam, o gado e os pastores fugiam, e os soldados de um de outro campo cortavam as oliveiras seculares...

Tudo estava feio e torpe, tudo era ruína, desolação e morte em torno da casa do vale, agora transformada em quartel e reduto militar.

E que era feito, no meio desta desordem, que era feito da nossa pobre velha, da nossa interessante Joaninha?

Apenas se estabeleceu a posição dos dous exércitos, Frei Dinis queria levá-las para Santarém; mas não foi possível. Instâncias, rogos, ordem positiva, tudo foi em vão. Pela primeira vez na sua vida, aquela mulher tímida, fraca e irresoluta, soube ter vontade firme e própria.

— Aqui nasci — dizia ela — aqui vivi, aqui hei de morrer. Que importa como?... Aqui as curtas alegrias, aqui as longas dores da minha vida têm passado: onde hei de eu ir que possa viver ou comer senão aqui? Esta casa sei-a de cor, estas árvores conhecem-me, estes sítios são os últimos que vi, os únicos de que me lembra: como hei de eu, velha e cega, ir fazer conhecimentos com outros para viver neles?...

— E Joaninha nesta idade... no meio dessa soldadesca! — sugeria o frade.

Joaninha — tornava ela — Joaninha é uma criança, e tem mais juízo, mais energia d’alma, mais saúde e mais força do que — mulheres não falemos — do que a maior parte dos homens. Ficaremos aqui, Padre, ficaremos aqui melhor do que em Santarém podemos estar. Deus nos defenderá...

Frei Dinis cedeu: a mesma vaga e indeterminada esperança que animava a velha, e que a prendia tão fortemente ali, não era estranha ao coração do frade. Ela não ousava nem aludir de longe a essa esperança, mas sentia-se que lá a tinha aninhada e escondida a um canto d’alma... Aquele neto, aquele filho da filha querida havia de vir ter à Casa em que nascera... por ali havia de passar, e mais dia menos dia... A velha, repito, nem aludia a tal esperança, mas sentia-se que a tinha: percebeu-lha Frei Dinis, e ou a partilhasse também ou não se atrevesse a contrariar razões que lhe não davam, cedeu e calou-se.

O seu principal temor era a licenciosa soltura dos costumes militares; mas estava Joaninha menos exposta por se acolher a uma praça de guerra como Santarém era agora?

Brevemente se viu que a avó tinha acertado. A franca e ingênua dignidade de Joaninha, o ar grave, a melancolia serena e bondosa da velha impuseram tal respeito aos soldados que — graças também à cooperação eficaz do comandante do posto, um bom e honrado cavalheiro transmontano — elas viviam tão seguras e quietas na pequena porção de casa que para si reservaram, quanto em tais circunstâncias era possível viver. Frei Dinis vinha regularmente ao vale todas as sextas-feiras, e nenhum outro hábito de suas vidas se interrompeu.

E pouco a pouco, os combates, as escaramuças, o som e a vista do fogo, o aspecto do sangue, os ais os feridos, o semblante desfigurado dos mortos — a guerra enfim em todas as suas formas, com todo o seu palpitante interesse, com todos os terrores, com todas as esperanças que a acompanham, se lhes tornou uma cosa familiar, ordinária...

A tudo se habitua o homem, a todo o estado se afaz; e não há vida, por mais estranha, que o tempo e a repetição dos atos lhe não faça natural.

Todavia de Carlos nem mais uma linha... Pobre velha!

Assim passaram meses, assim correu o inverno quase todo, e já as amendoeiras se toucavam de suas alvíssimas flores de esperança, já uma depois da outra iam renascendo as plantas, iam abrolhando as árvores; logo vieram as aves trinando seus amores pelos ramos... Insensivelmente era chegado o mês de abril, estávamos em plena e bela primavera.

A guerra parecia cansada, o furor dos combatentes quebrado; rumores de intentadas transações giravam por toda a parte.

No nosso vale as sentinelas dos dois campos opostos, costumadas já a verem-se todos os dias, começavam a ver-se sem ódio; principiaram por se dizer dos pesados gracejos da guerra, acabaram por conversar quase amigavelmente. Muita vez foi curioso ouvi-los, os soldados, discorrer sobre as altas questões de Estado que dividiam o reino e o traziam revolto há tantos anos. Se as tratavam melhor os do conselho em seus gabinetes!

Joaninha que, pouco a pouco, se habituara àquele viver de perigos e incertezas, de dia par dia lhe ia crescendo o ânimo, aguerrindo-se. Tudo se afazia àquele estado: até os rouxinóis tinham voltado ao loureiros de ao pé da casa, e como que disciplinados obedeciam aos toques de alvorada e de retreta, acompanhando-os de seu cantar animado e vibrante.

A essas horas Joaninha era certa em sua janela — naquela antiga e elegante janela renascença de que primeiro nos namoramos, leitor amigo, ainda antes de a conhecer a ela. Ali a viam as vedetas de ambos os exércitos, ali se acostumaram a vê-la com o nascer e o pôr do sol: ali, muda e quedas horas esquecidas, escutava ela o vago cantar dos seus rouxinóis, talvez absorta em mais vagos pensamentos ainda...

E dali lhe puseram o nome de “menina dos rouxinóis”, pelo qual era conhecida em ambos os campos; significante e poético apelido com que a saudavam os soldados de ambas as bandeiras.

E uns e outros respeitavam e adoravam a menina dos rouxinóis. Entre uns e outros por tácita convenção parecia estipulado que aquela suave e angélica figura pudesse andar livremente no meio das armas inimigas, como a pomba doméstica e valida que nenhum caçador se lembrou e mirar.

Os costumes da guerra são menos soltos do que se cuida; no ânimo do soldado há mais sentimentos delicados, nas suas formas há menos rudeza do que se pensa. A farda é sim vaidosa e presumida, crê muito nos seus poderes de sedução, mas não é brutal senão no primeiro ímpeto.

Joaninha pensava os feridos, velava os enfermos, tinha palavras de consolação para todos, e em tudo quanto dizia e fazia era tão senhora, tinha tão grave gentileza, um donaire tão nobre, que a amavam todos muito, mas respeitavam-na ainda mais.

Fiada já neste respeito e estima geral, Joaninha fora estendendo, de dia a dia, as suas excursões pelo vale. Ultimamente costumava ir, pelo fim da tarde, até um pequeno grupo de álamos e oliveiras que ficavam mais para o sul e perto do lugar donde, à noite, se colocavam as derradeiras vedetas dos constitucionais.

Um dia, já quase posto o sol, a tarde quente e serena, — ou fosse que adormeceu ou que suas meditações a distraíram — o certo é que os rouxinóis gorjeavam há muito tempo nos loureiros da janela, e Joaninha não voltava.

Estabeleceram-se as vedetas de lado e outro, deram-se todas as disposições costumadas para a noite.

O oficial dos constitucionais, que andava colocando as sentinelas, tinha vindo essa mesma tarde de Lisboa com um reforço de tropas. Pôs-se em marcha com a sua gente, foi-a dispondo nos lugares convenientes, e chegava enfim ao pé daquele grupo de árvores.

— Silêncio! — disse ele. — Alto! Ali está um vulto.

— Não é ninguém — respondeu um soldado que era dos antigos no posto; — ninguém que importe; é a menina dos rouxinóis. Estou vendo que adormeceu ao seu poiso costumado.

— A menina dos rouxinóis! Que cantiga é essa que cantas tu de lá?

O soldado deu a explicação popular do seu dito, mostrou a casa do vale, e continuava enaltecendo os méritos e virtudes de Joaninha...

O oficial não o deixou acabar:

— Para a retaguarda, e silêncio!

Foi rapidamente postar a alguma distância dali, as duas sentinelas que lhe faltavam; e ele entrou só no pequeno grupo de árvores.

Era Joaninha que estava ali, Joaninha que efetivamente dormia a sono solto.

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